Os Hinos, Orações e Antífonas da Procissão Cotidiana no Santo Sepulcro

2024-02-22 16:21:21
Chegamos a metade do nosso percurso e queremos nos aproximar da procissão diária como peregrinos, procurando reler algumas passagens do livro guia com a ajuda do Padre Carlo Giuseppe Adesso, sacerdote italiano e professor de História da Igreja, que está na Terra há três anos a serviço da Custódia. Uma peculiaridade da procissão é o uso da língua latina. Os frades que rezam todos os dias já a recitam naturalmente, mas os peregrinos que participam da procissão podem acompanhar seguindo as traduções oferecidas em pelo menos 6 idiomas diferentes. Entre o vasto patrimônio literário da igreja, os franciscanos souberam escolher com sabedoria e elegância os hinos, orações e antífonas mais adequados à procissão. São Venâncio Fortunato é um dos autores. Nascido na Itália entre 530 e 540 d.C., em algum momento de sua vida deixou a cidade de Ravena, para onde tinha ido estudar. E de lá, para cumprir um voto a São Martinho de Tours, que o havia curado de uma doença ocular, fez uma peregrinação e foi para a França, onde morreu em data não especificada, entre 600 e 610. Pe. CARLO GIUSEPPE ADESSO Diocese de San Marino – Montefeltro "Venâncio Fortunato é o primeiro grande autor da Idade Média e é um autor verdadeiramente notável porque pega o melhor da antiguidade clássica que tinha estudado em Ravena e, através dos seus poemas, combina-o com o mistério de Cristo crucificado, morto e ressuscitado. É por isso que seus hinos se tornaram tão famosos e aqui, nós também os encontramos, nas procissões da Terra Santa". São Venâncio nunca veio à Terra Santa, mas recebeu uma relíquia, um fragmento de uma pedra do Santo Sepulcro e compôs um poema sobre ela. "Mas há um vínculo muito mais forte que é dado pela Cruz, da qual Venâncio é o maior Cantor. Então Venâncio Fortunato, como eu disse, escreveu muitos hinos, mas produziu seis para a Cruz. Entre estes, foram escolhidos dois, selecionados pelos franciscanos para enriquecer as quatro paradas, quatro estações da procissão que realizamos todos os dias aqui no Santo Sepulcro. Eles são muito famosos. Um se chama "Vexilla Regis Prodeunt" e o outro "Pange Lingua Gloriosi". Os franciscanos escolheram esses hinos, os separaram e adaptaram para a procissão cotidiana. Comecemos pelo primeiro, "Vexilla Regis Prodeunt" - "As bandeiras da Cruz do Rei estão avançando". Assim, a Cruz é apresentada por Venâncio como o estandarte, a bandeira da vitória de Cristo. Esta é uma clara referência ao Evangelho de João. No Evangelho de João, a Cruz torna-se, por assim dizer, o cetro que Cristo empunha para vencer o pecado e a morte. Venâncio diz a mesma coisa, mas também acrescenta. Vexilla Regis "As bandeiras, o estandarte do rei". Sabemos que a festa de Cristo Rei do Universo é uma festa recente. Foi encomendada pelo Papa Pio XI em 1925. Mas toda a Idade Média, toda a espiritualidade da Idade Média tem uma grande devoção e um grande amor por Cristo Rei. É aqui, no hino de Venâncio, que o encontramos quando ele diz vexilla regis prodeunt, ou seja, eles avançam e procedem. Padre Carlo Giuseppe afirma que esse detalhe atraiu a curiosidade dos estudiosos, por um motivo preciso, que foi abrigar uma verdadeira relíquia da Cruz de Cristo que Santa Helena encontrou justamente aqui, nesta capela. Venâncio escreveu estes dois hinos para acompanhar a procissão que levou a relíquia da Cruz até ao mosteiro, onde foi depois acolhida. Então, esses hinos foram escritos para uma procissão. E, portanto, é justo que os franciscanos os tenham incluído na oração que acompanha a procissão cotidiana. Esses hinos são muito ricos, muito belos.A Cruz é cantada de tantas maneiras quanto possível. No Hino Vexilla Regis a Cruz é cantada como uma árvore, uma árvore frutífera. A referência é à árvore do Paraíso terrestre que trouxe a condenação. Por outro lado, a Cruz conduz à salvação. Pe. CARLO GIUSEPPE ADESSO Diocese de San Marino – Montefeltro Mas a Cruz, e este é um fato típico de Venâncio, é chamada de stadera, ou seja, balança, balança da grande redenção. Esta é uma imagem que encontramos apenas em Venâncio Fortunato. Jesus Cristo pagou um preço. Esse preço foi pesado em uma balança. A balança é a cruz pela qual nossos pecados, nossas dívidas, foram expiadas. Estamos quase na fase final da nossa peregrinação no Santo Sepulcro. No próximo vídeo vamos ouvir o segundo hino de Venâncio Fortunato e como nós peregrinos podemos participar, nos aproximando dessa graça da Cruz de Cristo que nos salvou do pecado.

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